Parece
tratar-se de algum jogo ou disputa esportiva mas, infelizmente, Não! Antes
fosse aliás sempre foram rivais
esportivos como Brasil e Argentina. Porém, desta vez é disputa pelas iIhas (Senkaku ou
Diaoyu – em chinês). Nesse conflito entre os dois países afetou drasticamente a
economia japonesa que vinha recuperando
das crises econômicas, tsunami e acidente nuclear, e tem proporcionado
as incertezas e preocupações no mercado de trabalho principalmente para nós
“Dekasseguis”. Evidentemente as relações
e laços entre o Japão e a China, ainda estão conturbadas. Houve na China muita onda de protestos
antinipônicos além da chantagem de boicote aos produtos japonêses e o governo
de Pequim promete impor sansões econômicas ao Japão. No meu ponto de vista acho que nesta disputa das Ilhas, ambos os
países saem prejudicados. A transação
comercial é extremamente relevante com evidência à milhares de empresas japonesas instalados na
China e a população chinesa no Japão ultrapassa um milhão de pessoas, enquanto
que a de brasileiros deve estar em torno de 210.000 pessoas (há seis anos atrás superava 280.000 residentes).
O
fato é que a China reivindica a soberania sobre as ilhas com paixão
nacionalista. Na realidade tanto a China
e também o Taiwan passaram a requerer a posse dessa zona marítima, após um
relatório da ONU que anunciou a possibilidade de reservas de gás e petróleo no
seu fundo marítimo. Para a China que vem
adotando uma política agressiva a fim de se firmar como potência marítima, pois
estas ilhas situam em ponto estratégico conforme declara o professor kazuhiko Togo,
especialista em assuntos internacionais da Universidade Tecnológica de Quioto.
Inclusive
numa entrevista do Ministro da Defesa da China afirmou tomar novas medidas de acordo com a situação no Mar da
China Oriental. “Com certeza,
continuamos esperando uma solução pacífica e negociada para o tema” disse o Ministro.
Também atribuiu ao Japão a responsabilidade pelo aumento da tensão, ao afirmar
que o arquipélago em disputa pertenceu a China durante séculos.
Na
visão do professor, Pequim tem interesse em conquistar essa zona mostrando seu
poderio para os vizinhos asiáticos e assim projetar suas ambições de domínio
para além do Mar da China.
Em
um artigo publicado no site do Instituto Sagres o doutor em Ciências Navais, Roberto Carvalho de Medeiros, diz que a China
planeja fortalecer a presença também no Mar da China Meridional, banhado pela
Filipinas, Vietnã e Camboja, até chegar
ao estreito de Malala. Por esse
canal passam os navios petroleiros
provenientes da África e do Oriente Médio que abastecem a Àsia.
“Com
o crescimento da sua economia, alcançando-a à condição de segunda potência
mundial, ela precisa garantir livre passagem pelos corredores marítimos para
que seus navios possam transportar energia e produtos ”comenta
o professor Togo.
A
China teme que os EUA e/ou aliados obstruam essa logística caso haja alguma desavença.
Mas as ambiçôes das ilhas vão mais
longe, estendendo-se até o Oceano Índico e também no Pacífico. Se essa afirmação nos mares esconde intenções belicosas, só o tempo dirá. E o primeiro obstáculo que se interpõe a essa
empreitada é a Força Naval de Autodefesa Japonêsa.
Toda
essa polêmica é o resultado evidente do crescimento econômico da China que hoje
busca uma presença Político-Militar à altura da expansão comercial. “ O país
emergente não quer mais se comportar como força continental ”, segundo o comentário da doutora em Relações Internacionais
da Universidade de Brasília, Danielly Silva Ramos. Ressalva porém que, esse poderio militar ainda é pequeno em
relação ao dos EUA, a quem não interessa o surgimento de uma potência
hegemônica na Ásia. Não acredita que a
disputa venha ser resolvida por força, já que a China perderia o apoio político
e econômico mundial, e os dois países adiam a solução, intiminando com pequenos
atos simbólicos como treinamento militar próximo às ilhas.
O
setor automobilístico balançou e estremeceu a economia japonêsa. A poderosa
Toyota teve redução de 44% das vendas na China em outubro de 2012 em comparação
ao mesmo período do ano anterior com 45.600 unidades a menos. A importação de
carros do Japão também diminuiu e o impacto para os trabalhadores brasileiros
no Japão com certeza não foi diferente.
Esse
cenário causa aflição no mercado de trabalho. Não se trata de um caso isolado
da Toyota, mas de todas as empresas como Honda, Nissan, Mazda, Subaru etc. em
relação às vendas na China. A situação só não ficou pior graças ao empurrão dos
EUA e Sudeste Asiático. E a queda nas
vendas da Honda na China foi ainda pior: mais de 53% em outubro, aliás da mesma
forma nos EUA o desempenho foi favorável ajudando a amortecer o impácto. Mas,
como não tem muito a ver com o emprêgo dentro do país não vou detalhar. Enfim o
que também provoca preocupação é o
fechamento em série de fábricas ligados ao setor de eletrônicos e automotivos
(mudança de fábricas no pólo Asiático onde o custo de mão-de-obra é baixa entre
elas a China).
Já
que falamos da China, no editorial do professor
José Carlos Iwabe referindo ao “Dragão e o dilema dos Samurais” descreve:
O
mercado é voraz, a concorrência cruel e impiedosa e quem não se supera
continuamente acaba sendo devorado no turbilhão do capitalismo globalizado. A
grande sombra que obscurece o Sol Nascente vem do Dragão Chinês. De maneira
impressionante - para não dizer estranhíssima – a China se tornou vedete da
economia mundial e como que num passe de mágica passou, de exótica e miserável
nação comunista, ao status do mais cobiçado parceiro comercial, sem que nada tenha
oferecido para merecer tal distinção. A única justificativa foi o “seu imenso
potencial como mercado consumidor”, com os seus 1,3 bilhões de habitantes. A
China sempre desrespeitou cinicamente inúmeros pré-requisitos necessários para
ser legítimo e confiável interlocutor:
os Direitos Humanos são ignorados, não há liberdade política, de
imprensa nem de idéias. O regime é totalitário e policialesco. Foi piratendo
desavergonhadamente, num desprezo total à propriedade intelectual e industrial
que ingressou no mundo capitalista.
Das
razões econômicas o que de fato estimulou a corrida por instalar-se na China
foi o custo de mão-de-obra. Milhões de
pessoas dispostas a trabalhar por ninharia, já que passavam penúria, e ainda
sem o ônus dos encargos sociais para as empresas. Em troca de benefícios fiscais e terras
cedidas para as plantas industriais, milhares de empresas de todo o mundo lá
foram, ávidas por tirar proveito da situação, fechando os olhos à realidade
política e social vigente.
Injetaram
trilhões de dólares num fluxo contínuo, transferiram tecnologia, aceitando
alegremente a imposição de sócios chineses, sempre membro do governo e criaram
imensos parques industriais. De dentro de uma nação não-cárcere, onde a
democracia é um ente desconhecido, surgiu o Dragão comuno-capitalista, que hoje
é o fiel da balança da economia global,
pois tornou-se provedor universal do consumo popular e é também o principal
comprador de matérias primas e alimentos.
A
China, tendo desbancado o Japão (desde 2010 é a segunda maior economia), ainda
se dá o direito de invadir e ocupar a maior parte das prateleiras, gôndolas e
expositores dos supermercados, shoppings e lojas em território japonês, sendo
hoje difícil comprar um eletroeletrônico “made in Japan”.
Para
fugir ao iene supervalorizado e ao alto custo da mão-de-obra, as indústrias
transferem suas atividades para países sul-asiáticos – mas principalmente para
a China – enfraquecendo ainda mais a combalida economia japonesa e injetando
mais poder ao seu algoz. Paralelamente a Coréia do Sul, o Tigre Asiático, afia
os seus dentes e estende suas garras sobre os países emergentes, disputando,
seus mercados com os produtos que concorrem em pé de igualdade tecnológica com os
produtos japonêses...e mais baratos. É
uma encruzilhada, um dilema shakespeariano para os samurais: “Ser ou não ser
(uma grande potência), eis a questão!”
E
o velho dito popular brasileiro hoje apavora o Japão: “Se correr o bicho pega,
se ficar o bicho come!”
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