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sábado, 2 de fevereiro de 2013















JAPÃO  versus  CHINA

Parece tratar-se de algum jogo ou disputa esportiva mas, infelizmente, Não! Antes fosse aliás  sempre foram rivais esportivos como Brasil e Argentina. Porém,  desta vez é disputa pelas iIhas (Senkaku ou Diaoyu – em chinês). Nesse conflito entre os dois países afetou drasticamente a economia japonesa  que vinha recuperando das crises econômicas, tsunami e acidente nuclear, e tem  proporcionado  as incertezas e preocupações no mercado de trabalho principalmente para nós “Dekasseguis”.  Evidentemente as relações e laços entre o Japão e a China, ainda estão conturbadas.  Houve na China muita onda de protestos antinipônicos além da chantagem de boicote aos produtos japonêses e o governo de Pequim promete impor sansões econômicas ao Japão.  No meu ponto de vista  acho que nesta disputa das Ilhas, ambos os países saem prejudicados.  A transação comercial é extremamente relevante com evidência à  milhares de empresas japonesas instalados na China e a população chinesa no Japão ultrapassa um milhão de pessoas, enquanto que a de brasileiros deve estar em torno de 210.000  pessoas (há seis anos atrás superava  280.000 residentes).

O fato é que a China reivindica a soberania sobre as ilhas com paixão nacionalista.  Na realidade tanto a China e também o Taiwan passaram a requerer a posse dessa zona marítima, após um relatório da ONU que anunciou a possibilidade de reservas de gás e petróleo no seu fundo marítimo.  Para a China que vem adotando uma política agressiva a fim de se firmar como potência marítima, pois estas ilhas situam em ponto estratégico conforme declara o professor kazuhiko Togo, especialista em assuntos internacionais da Universidade Tecnológica de Quioto.

Inclusive numa entrevista do Ministro da Defesa da China afirmou tomar novas  medidas de acordo com a situação no Mar da China Oriental.  “Com certeza, continuamos esperando uma solução pacífica e negociada para o tema” disse o Ministro. Também atribuiu ao Japão a responsabilidade pelo aumento da tensão, ao afirmar que o arquipélago em disputa pertenceu a China durante séculos.

Na visão do professor, Pequim tem interesse em conquistar essa zona mostrando seu poderio para os vizinhos asiáticos e assim projetar suas ambições de domínio para além do Mar da China.

Em um artigo publicado no site do Instituto Sagres o doutor  em Ciências Navais,  Roberto Carvalho de Medeiros, diz que a China planeja fortalecer a presença também no Mar da China Meridional, banhado pela Filipinas,  Vietnã e Camboja, até chegar ao estreito de Malala.  Por esse canal  passam os navios petroleiros provenientes da África e do Oriente Médio que abastecem a Àsia.

Com o crescimento da sua economia, alcançando-a à condição de segunda potência mundial, ela precisa garantir livre passagem pelos corredores marítimos para que seus navios possam transportar energia e produtos comenta o professor Togo.

A China teme que os EUA e/ou aliados obstruam essa logística caso haja alguma desavença. Mas as ambiçôes  das ilhas vão mais longe, estendendo-se até o Oceano Índico e também no Pacífico.  Se essa afirmação nos mares  esconde intenções belicosas,  só o tempo dirá.  E o primeiro obstáculo que se interpõe a essa empreitada é a Força Naval de Autodefesa Japonêsa.

Toda essa polêmica é o resultado evidente do crescimento econômico da China que hoje busca uma presença Político-Militar à altura da expansão comercial. “ O país emergente não quer mais se comportar como força continental ”, segundo o  comentário da doutora em Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Danielly Silva Ramos.  Ressalva porém que,  esse poderio militar ainda é pequeno em relação ao dos EUA, a quem não interessa o surgimento de uma potência hegemônica na Ásia.  Não acredita que a disputa venha ser resolvida por força, já que a China perderia o apoio político e econômico mundial, e os dois países adiam a solução, intiminando com pequenos atos simbólicos como treinamento militar próximo às ilhas.

O setor automobilístico balançou e estremeceu a economia japonêsa. A poderosa Toyota teve redução de 44% das vendas na China em outubro de 2012 em comparação ao mesmo período do ano anterior com 45.600 unidades a menos. A importação de carros do Japão também diminuiu e o impacto para os trabalhadores brasileiros no Japão com certeza não foi diferente.

Esse cenário causa aflição no mercado de trabalho. Não se trata de um caso isolado da Toyota, mas de todas as empresas como Honda, Nissan, Mazda, Subaru etc. em relação às vendas na China. A situação só não ficou pior graças ao empurrão dos EUA e Sudeste Asiático. E  a queda nas vendas da Honda na China foi ainda pior: mais de 53% em outubro, aliás da mesma forma nos EUA o desempenho foi favorável ajudando a amortecer o impácto. Mas, como não tem muito a ver com o emprêgo dentro do país não vou detalhar. Enfim o que  também provoca preocupação é o fechamento em série de fábricas ligados ao setor de eletrônicos e automotivos (mudança de fábricas no pólo Asiático onde o custo de mão-de-obra é baixa entre elas a China).

Já que falamos da China, no editorial do professor  José Carlos Iwabe referindo ao “Dragão e o dilema dos Samurais” descreve:

O mercado é voraz, a concorrência cruel e impiedosa e quem não se supera continuamente acaba sendo devorado no turbilhão do capitalismo globalizado. A grande sombra que obscurece o Sol Nascente vem do Dragão Chinês. De maneira impressionante - para não dizer estranhíssima – a China se tornou vedete da economia mundial e como que num passe de mágica passou, de exótica e miserável nação comunista, ao status do mais cobiçado parceiro comercial, sem que nada tenha oferecido para merecer tal distinção. A única justificativa foi o “seu imenso potencial como mercado consumidor”, com os seus 1,3 bilhões de habitantes. A China sempre desrespeitou cinicamente inúmeros pré-requisitos necessários para ser legítimo e confiável interlocutor:  os Direitos Humanos são ignorados, não há liberdade política, de imprensa nem de idéias. O regime é totalitário e policialesco. Foi piratendo desavergonhadamente, num desprezo total à propriedade intelectual e industrial que ingressou no mundo capitalista.

Das razões econômicas o que de fato estimulou a corrida por instalar-se na China foi o custo de mão-de-obra.  Milhões de pessoas dispostas a trabalhar por ninharia, já que passavam penúria, e ainda sem o ônus dos encargos sociais para as empresas.  Em troca de benefícios fiscais e terras cedidas para as plantas industriais, milhares de empresas de todo o mundo lá foram, ávidas por tirar proveito da situação, fechando os olhos à realidade política e social vigente.

Injetaram trilhões de dólares num fluxo contínuo, transferiram tecnologia, aceitando alegremente a imposição de sócios chineses, sempre membro do governo e criaram imensos parques industriais. De dentro de uma nação não-cárcere, onde a democracia é um ente desconhecido, surgiu o Dragão comuno-capitalista, que hoje é  o fiel da balança da economia global, pois tornou-se provedor universal do consumo popular e é também o principal comprador de matérias primas e alimentos.

A China, tendo desbancado o Japão (desde 2010 é a segunda maior economia), ainda se dá o direito de invadir e ocupar a maior parte das prateleiras, gôndolas e expositores dos supermercados, shoppings e lojas em território japonês, sendo hoje difícil comprar um eletroeletrônico “made in Japan”.

Para fugir ao iene supervalorizado e ao alto custo da mão-de-obra, as indústrias transferem suas atividades para países sul-asiáticos – mas principalmente para a China – enfraquecendo ainda mais a combalida economia japonesa e injetando mais poder ao seu algoz. Paralelamente a Coréia do Sul, o Tigre Asiático, afia os seus dentes e estende suas garras sobre os países emergentes, disputando, seus mercados com os produtos que concorrem em pé de igualdade tecnológica com os produtos japonêses...e mais baratos.  É uma encruzilhada, um dilema shakespeariano para os samurais: “Ser ou não ser (uma grande potência), eis a questão!”

E o velho dito popular brasileiro hoje apavora o Japão: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!”